FANATISMO POLÍTICO

por Patrick Savaris publicado 21/05/2021 00h20, última modificação 21/05/2021 00h20
Angelo Guaresi

A narrativa extremista, há muito permeia o ambiente ideológico político brasileiro, e como em uma via de mão dupla, esquerda e direita radicais se afrontam e trocam acusações – ambas, desprovidas de embasamento teórico e bom senso.

Não é de hoje que o fanatismo político está estampado na face das discussões ideológicas. Entretanto, aflorado por um despertar patriótico e pela exaustão das ideias estadistas e populistas, ressurgiu nos últimos anos, uma classe de simpatizantes políticos, esses – que por lástima, sucumbem à inovação e atrelam-se carentes de senso crítico e complacentes de práticas que outrora, demonstravam abominar.

Parafraseando o eminente escritor Nelson Rodrigues, onde grafou, certa feita, que toda a unanimidade é burra, e quem pensa com a unanimidade não precisa pensar, torna-se evidente, de que esses grupos extremos — quando passam a unir-se com seus pares, deixam de usar a razão e apoderam-se da emoção, acumulam-se de estupidez em detrimento da inteligência, e como agravante, constroem uma convicção inabalável, onde o cerne é uma certeza que surgiu sem uma reflexão ou dedução intelectual.

Enquanto a esquerda “lacra”, e a extrema direita “mita”, o statu quo brasileiro vai de mal a pior. Por trás de ideologias tão díspares, nos deparamos com atitudes e comportamentos tão semelhantes. A guerra pelo poder, causada pela polarização, extirpa de forma definitiva a possibilidade de um diálogo imparcial e objetivo.

De fato, a construção do futuro coletivo está ameaçada. Uma sociedade que não consegue construir um debate plural, que não consegue garantir a liberdade de expressão alheia, não é capaz de se livrar das amarras e das vendas manipuladoras de massas e mentes.

É preciso ter discernimento, e compreender que nenhum extremismo é bom, nenhum autoritarismo faz bem, seja ele conservador ou progressista. Nossa sociedade precisa – urgentemente — arquitetar formas de discussões para meios dissonantes ideologicamente, mas consonantes no fim, para que de forma respeitosa, se possa construir uma sociedade livre, plural e próspera.